Atitudes das Famílias Face aos Membros Portadores de Psicose

Estudo de caso do Hospital Psiquiátrico do Lubango e do Centro de Reabilitação Psicossocial do Lubango – Angola

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.10838687

Palabras clave:

Atitude, Psicose, Família, Cultura, Saúde mental

Resumen

Este trabalho tem como objectivo conhecer atitudes das famílias face aos membros portadores de psicose do Hospital Psiquiátrico do Lubango e do Centro de Reabilitação Psicossocial de Arimba – Lubango. Em termos metodológicos usou-se a abordagem qualitativa e fez-se entrevista semiestruturada a oito sujeitos familiares de pessoas portadoras de psicose, foram encontrados nas instituições em que se realizaram a pesquisa, conforme acima referido, como acompanhantes dos seus familiares que padecem de psicose. Evidenciou-se que face aos sintomas psicóticos as famílias apresentam reações ou atitudes diversas. Em termos da componente comportamental face aos membros com psicose, as famílias agitam-se, tendem a se afastar da vítima, por falta de saber lidar com o desajuste dos seus parentes, sentem-se aborrecidas, agastadas e com vontade de abandoná-los. Na componente cognitiva evidenciou-se que alguns familiares acreditam que entre as causas da psicose são: feitiço, problemas familiares e pessoais, drogas, álcool entre outros. Quanto a componente afectiva. Percebe-se que viver com um familiar com psicose desperta sentimentos como aborrecimento, agastamento, medo, receio, raiva, tristeza, sentimento de impotência conforme os participantes se expressam. Houve também quem dissesse que se sente confortável face aos seus parentes com psicose.

Biografía del autor/a

Helena Veloso, Universidade Católica de Angola

Graduada em Psicologia, Mestre e Doutora em Teoria Psicanalítica, pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Brasil. Psicanalista, possui curso de formação em saúde mental pela ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública - Brasil. No seu percurso tem trabalhado com assistência clínica, supervisão clínica, ensino e atividades relacionadas com a gestão em saúde (nomeadamente, gestão de Ambulatório em Hospital Psiquiátrico, Hospital - Gestão de Dia) e gestão de ensino (Coordenador Mestre, Coordenador Científico Mestre, Diretor de Curso (elemento responsável para a vertente científica do curso), Chefe do Departamento de Psicologia, Presidente do Conselho Científico-Pedagógico). Membro do conselho editorial da Revista Mulemba da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto. Lecionou disciplinas relacionadas com Psicologia, Psicanálise, Psicopatologia, Ética e Deontologia Profissional, Género e Sexualidade. Suas investigações tiveram como tema os segmentos sociais historicamente excluídos, nomeadamente mulheres, negros e pessoas com transtornos mentais. É co-autor de livros, de um artigo publicado em Anais de Congresso e de artigos publicados em Angola e no estrangeiro. Actualmente está vinculado à Universidade Católica de Angola onde exerce as funções de chefe do Departamento de Psicologia e Director do Centro Interdisciplinar de Estudos e Investigação, sendo também revisor Ha doc da Comissão de Ética para a Investigação com Seres Humanos. É árbitro Ha doc no Scielo, participa de grupos de pesquisa do CNPQ e ANPEPP, integra o CLACSO e a Universidade da Diáspora Africana.

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Publicado

2024-03-19

Cómo citar

Lopes, M., & Veloso, H. (2024). Atitudes das Famílias Face aos Membros Portadores de Psicose: Estudo de caso do Hospital Psiquiátrico do Lubango e do Centro de Reabilitação Psicossocial do Lubango – Angola. Academicus Magazine, 2(1), 30–43. https://doi.org/10.5281/zenodo.10838687